
As primeiras avaliações sobre The Idol chamaram atenção. Ao que tudo indica, o caos dos bastidores da série devem aparecer também para o público. Uma exibição especial dos dois primeiros episódios durante o Festival de Cannes foi reprovado por quem assistiu.
Segundo a jornalista Lovia Gyarkye do The Hollywood Reporter, os que estiveram presentes na exibição definiram a produção como “mais regressiva do que transgressiva“, ao retratar uma Hollywood exploradora e perturbadora.
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Para a Variety, o consenso em Cannes foi que “The Idol é como uma fantasia masculina sórdida, perpetuando o mito de que popstars são fantoches corporativos sem nenhuma agência sobre a própria imagem“. “O roteiro parece calculado para enganar o público fazendo-o pensar que está observando como Hollywood opera, quando muito disso equivale a clichês de mau gosto retirados de Romances de Sidney Sheldon e pornografia leve“, completou.
Na perspectiva do Collider, a quantidade de erotismo sem sentido é o ponto mais crítico de The Idol: “O sexo na televisão e no cinema serve a um propósito, e as melhores cenas de sexo sempre têm algo sob a superfície além de apenas uma cena feita para excitar […] Como pode um programa com tanta nudez, sexo e erotismo ser tão sem graça? Não há substância por trás de seu estilo“.
The Idol viveu caos nos bastidores, demitiu diretora e estourou o orçamento
The Idol, nova série de Sam Levinson, criador do fenômeno Euphoria, teve os seus bastidores tão tumultuados, a ponto de se dar ao luxo de jogar um trabalho de mais de 300 milhões de reais no lixo. A produção idealizada e estrelada pelo músico Abel Makkonen Tesfaye (mais conhecido como The Weeknd) ainda é acusada de “romantizar” o estupro, que na produção é tratado com certo fetiche, com a personagem vivida por Lily-Rose Depp implorando para ser ‘abusada’ pelo protagonista.
De acordo com o portal da revista Rolling Stone, os problemas com a série da HBO já tinham começado muito antes das gravações: a atriz e cineasta Amy Seimetz, contratada para dirigir os seis episódios da produção, teve que iniciar seu trabalho com os roteiros incompletos e sem nenhuma ideia de como a história seria finalizada, uma vez que o texto do último capítulo sequer tinha sido esboçado.
Após um conflito com o próprio The Weeknd, que achou que seu personagem estava sendo ofuscado pela mocinha de Lily-Rose, Amy abandonou a produção em abril do ano passado. Foi aí que Sam Levinson, que tinha acabado de encerrar a segunda temporada de Euphoria, assumiu a direção da série que ele mesmo havia criado. Para piorar, todo o material rodado por Amy Seimetz teria sido descartado por Levinson.
Sobrou até para o ovo
O cineasta também teria eliminado personagens da série original e criado uma história completamente diferente. De acordo com a reportagem, até aquele momento a produção já tinha estourado bastante o orçamento original, de US$ 54 milhões (R$ 290 milhões). O dinheiro foi jogado no lixo. No fim das contas, a série custou mais de US$ 70 milhões (R$ 362 milhões).
Levinson teria escrito cenas que beiravam a pornografia e a tortura, com Jocelyn implorando para ser estuprada por Tedros e se desesperando quando ele negasse o ato sexual. Uma cena em que a personagem colocaria um ovo na própria vagina só não foi rodada porque a produção não encontrou uma maneira crível de fazê-la sem que a atriz precisasse de fato inserir o objeto.
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Membros da equipe e do elenco ouvidos pela Rolling Stone disseram que a série se tornou exatamente aquilo que pretendia satirizar, com uma mensagem vazia e ofensiva para o público. E com tudo regado a muito sexo. Isso sem contar o fato de que as gravações sob o comando de Levinson deveriam durar maio a julho do ano passado, mas foram esticadas até setembro.
Gravações intermináveis
Algumas cenas ainda foram rodadas em outubro. Para completar com a cereja do bolo, parte da equipe revelou que o diretor mudava o roteiro constantemente e que parecia não fazer ideia de quais sequências seriam gravadas no dia seguinte –ou até mesmo naquele dia. O diretor teria dito que faria o que quisesse e que, se a HBO reclamasse, ele simplesmente não produziria novos episódios de Euphoria, série que foi um dos destaques do canal pago nas premiações.
Por fim, a HBO afirmou que a série é “uma das produções mais empolgantes e provocativas já feitas”, que a equipe se esforçou para criar um set seguro e que as mudanças criativas foram feitas para que o resultado fosse melhor para todos.
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